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3G isola telecomunicações na América Latina de crise financeira

segunda-feira, 10 de março de 2008

Temores com a crise financeira internacional passam ao largo da indústria de telecomunicações na América Latina, que terá um ano marcado pela implantação de redes de terceira geração (3G) do celular, na visão da Nokia Siemens Networks (NSN), que se apresenta como fornecedora líder na região.

Mesmo a acirrada competição entre as grandes operadoras, com a inevitável prática de fortes subsídios aos aparelhos e consequente impacto sobre margem de lucro, não alimenta preocupações. Executivos da NSN vêem o setor com "extrema saúde financeira" e não têm recebido pedidos de financiamento dos contratos de 3G.

"Tudo indica que as companhias são muito bem geridas e que têm boas estratégias. Se, em um ano, elas tiverem um desempenho um pouco menor é parte dessa estratégia. Não há por que nos preocuparmos", afirmou o chefe regional da NSN na América Latina, Armando Almeida, à Reuters na sexta-feira.

"Temos visto um compromisso das operadoras de investir mais. No Brasil, acreditamos que 2008 será um ano de mais investimentos que os dois últimos", disse o executivo, que está comandando a implantação simultânea de 15 projetos independentes de 3G na América Latina. A NSN recebeu na região encomendas para 10 mil sites de redes que devem atender a 50 milhões de usuários.

Os pesados investimentos na corrida pela tecnologia que permite conexão à Internet em alta velocidade devem pressionar o resultado operacional das operadoras latino-americanas, como observou a Moody''s em relatório recente.

A aposta da agência de classificação de risco é de que as operadoras atuem de forma conservadora quanto a endividamento e disponibilidade de caixa, o que deve protegê-las das condições adversas do mercado financeiro.

Segundo a Moody''s, a receita do setor deve ter crescimento médio de 5 por cento em 2008 e as margens operacionais ficarão entre 20 e 40 por cento graças a políticas de redução de custos e da consolidação do mercado.

TRÊS FASES

Como forma de reduzir gastos, as operadoras da região têm contratado também fornecedores chineses, identificados com preços mais competitivos. No Brasil, a Huawei conquistou importantes contratos. A ZTE conseguiu um por enquanto. A sueca Ericsson também foi contemplada por várias operadoras.

"Esta indústria não se pauta pelo preço", argumentou o principal executivo de operações de mercado e clientes (CMO), da NSN, Christoph Caselitz. "Você pode até conseguir um negócio melhor... mas se sua rede cai por uma hora, toda essa vantagem em termos de investimento se perde repentinamente."

A lógica do negócio 3G é a transmissão de dados em grande volume, e o uso crescente das redes demanda investimentos contínuos em maior capacidade de transmissão. Mas a questão por trás de tudo é: quanto o consumidor está disposto a pagar para acessar e transmitir cada bit de informação?

"Há países até mais pobres que o Brasil onde o tráfego de dados nas redes celulares tem crescido com a terceira geração, onde metade do tráfego nessas redes já é de dados", comentou Caselitz, alertando que os provedores de conteúdo precisam entender que eles também têm responsabilidade em viabilizar o negócio.

No Brasil, o avanço da 3G será em fases, prevê o executivo da NSN responsável pela América Latina. As operadoras vão concentrar os esforços dos próximos meses na venda de placas de conexão para notebooks. Só no Natal, avalia Almeida, aparecerão os primeiros celulares 3G ao custo de menos de 200 reais para as operadoras, que poderão então subsidiá-los totalmente para o consumidor.

Mas ele não arrisca dizer quando as operadoras oferecerão tarifas de dados compatíveis com o bolso do brasileiro, que gasta, em média, com o celular, aproximadamente 30 reais por mês.

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