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Com portabilidade,20% podem trocar operadora de telefone no país

terça-feira, 22 de abril de 2008

A chegada ao Brasil da portabilidade numérica —recurso que permite que o cliente de telefone fixo e celular troque de operadora e mantenha o número da linha—, a partir de agosto, poderá estimular cerca de 20 por cento dos usuários brasileiros de telefone móvel a migrar de operadora, segundo pesquisa realizada junto aos clientes pela Morgan Stanley e divulgada nesta terça-feira. O movimento terá maior impacto sobre a base de clientes da Brasil Telecom. Segundo o estudo, a medida terá impacto neutro para as operadoras Vivo, Claro e TIM e poderá ser positiva apenas para a Oi. A pesquisa ouviu clientes de celular do Brasil e do México, já que ambos vão iniciar o processo de portabilidade no mesmo período.

Enquanto a média dos que declaram ter planos de mudar de operadora com o recurso ficou em 20 por cento no Brasil, no caso da Brasil Telecom o índice foi de 29 por cento —o maior entre as operadoras. A Oi, por sua vez, foi a que apresentou menor índice de possíveis desistências: 18 por cento.

A média dos usuários que definitivamente não têm planos de trocar de operadora ficou em 48 por cento no Brasil e 46 por cento no México, segundo a pesquisa.

De acordo com os clientes consultados, o preço dos planos no Brasil é o principal motivo que vai levá-los a trocar de operadora, enquanto no México a insatisfação está ligada à qualidade da rede das operadoras.

No México, a operadora com menor índice de insatisfação apontada na pesquisa foi a América Móvil, que no Brasil controla a Claro. Do total de entrevistados, 13 por cento dos clientes da América Móvil disseram estar dispostos a trocar de operadora, enquanto 44 por cento não têm planos de mudar.

Em relação aos clientes de modelos pré e pós-pagos, a pesquisa não detectou variação significativa no Brasil: 21 por centos dos clientes de pós-pago e 20 por cento dos de pré-pago têm planos de mudar de operadora com a portabilidade. No México, entretanto, a diferença é maior: 17 por cento de pós-pagos e 12 por cento de pré-pagos querem mudar.

O estudo ainda detectou que usuários mais velhos estão menos dispostos a trocar de operadora, enquanto homens estão mais propensos à troca do que as mulheres. Quanto menor a renda do usuário, mais ele se diz disposto a migrar para outra empresa de telefonia.

O estudo da Morgan Stanley ouviu 1.009 consumidores do México com mais de 13 anos de todas as classes sociais em fevereiro deste ano, assim como 1.500 clientes brasileiros.

EXEMPLO DE OUTROS PAÍSES

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, avaliar o que aconteceu em outros países pode ser uma boa forma de se preparar para a reação do consumidor à chegada da portabilidade.

Ele citou o exemplo do Japão. "A entrada da portabilidade, associada a uma oferta agressiva de serviços de terceira geração, fizeram com que a Softbank —terceira maior operadora do país— passasse a crescer mais que a líder NTT DoCoMo", apontou.

A Softbank ainda não ultrapassou a DoCoMo, mas liderou a adição de clientes no primeiro trimestre deste ano, com 972 mil novos assinantes, de acordo com a consultoria. A primeira colocada, no entanto, ainda tem quase três vezes o número de clientes da terceira. Enquanto a DoCoMo tinha 53,3 milhões de assinantes em março, a Softbank tinha 18,58 milhões.

De qualquer forma, Tude não espera grandes mudanças nas taxas de troca de operadoras no Brasil porque "o país tem 80 por cento de assinantes pré-pagos", clientes que já não têm uma relação de fidelidade com a operadora e, por isso, não se sujeitariam a pagar para manter o número da linha, acredita. O preço que o usuário terá de pagar para preservar o número ainda não está definido no país.

(Edição de Alexandre Caverni)

Reuters

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