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Fone transmite música pelos ossos

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dois fones de ouvido alternativos chegaram ao mercado e ambos resolvem com elegância todos os problemas de audição, segurança e encaixe dos modelos tradicionais. Em lugar de serem colocados nos ouvidos, eles transmitem sinais sonoros pelos ossos ou cartilagens. Seriam perfeitos - se não tivessem suas próprias falhas.

O mais promissor desses fones é o Audio Bones, disponível em laranja, azul, branco e preto por US$ 190 (cerca de R$ 380) - e, por US$ 30 a mais (não pergunte o motivo) em rosa, verde limão, púrpura ou marrom.

São fones de ouvido que transmitem sons pelos ossos, o que significa que o som passa diretamente pelo crânio para o ouvido interno, sem usar o tímpano. O conjunto fica instalado na porção traseira da cabeça, encaixado sobre as orelhas, e os fones pendem adiante delas. Ou seja, os fones de ouvido, se é assim que você se refere a eles, ficam atrás de suas orelhas.

Em outras palavras, os ouvidos ficam completamente desocupados. É possível ouvir a música do aparelho mas também tudo mais que acontece em volta.

O design do aparelho é muito inteligente e oferece uma longa lista de vantagens. Por exemplo, os fones resolvem de maneira elegante o problema da indelicadeza, porque a pessoa pode ouvir música sem se excluir da conversa. É como conversar ouvindo alguma música ao fundo - mas em um aparelho muito pequenino que só uma pessoa é capaz de ouvir.

Os aparelhos também ficam firmes no lugar porque não precisam das cartilagens para retenção. Eles ficam enganchados sobre as orelhas. Nem todo mundo tem cavidades auditivas capazes de acomodar o fone de um iPod, mas quase todo mundo tem orelhas.

Além disso, os Audio Bones se enroscam menos do que os fones tradicionais, porque têm um único cabo, que desce do centro da faixa plástica que une os dois fones, em lugar de um cabo por fone.

O que vou dizer a seguir provavelmente vai soar alarmante e controverso. Mas se você pensar bem vai perceber que é perfeitamente seguro usar esses fones ao dirigir. Afinal, como é que usar esses fones pode ser mais perigoso que ouvir o rádio no carro? A única diferença é que eles são muito menores e ficam muito mais perto de sua cabeça.

Uma surpresa é que se pode ouvir música com o Audio Bones mesmo que você esteja usando protetores de ouvido, o que pode ser uma boa idéia caso a pessoa trabalhe em ambiente ruidoso. Os fones comuns do iPod não oferecem essa capacidade.

Além disso, o fone é à prova d'água. Caso você encontre maneira de tornar o player impermeável (um estojo à prova d'água, por exemplo), poderá ouvir a Música Aquática de Handel enquanto nada.

O ponto é irrelevante, mas vale a pena admitir: o Audio Bones torna menos repulsivo tocar música para alguém usando o seu player. Pode assumir: quando alguém tira fones de ouvido comuns das orelhas e os passa a você, há pelo menos um momento de avaliação de higiene pessoal antes que você decida colocá-los nos ouvidos.

Os fabricantes do Audio Bones também garantem que a condução de som pelos ossos oferece menos probabilidade de perda de audição ao longo dos anos, e que essa tecnologia permite que certas pessoas que sofreram problemas nos tímpanos voltem a apreciar os prazeres da música (a condução óssea de som já está disponível em certos aparelhos auditivos).

A lista de qualidades é bastante impressionante. E, excetuado o preço salgado, só existe um problema significativo quanto ao Audio Bones - e é um problema crucial: a qualidade de som não é muito boa.

Comparado a fones de ouvido comuns, o Audio Bones parece mais abafado, com menos presença. E o volume oferecido é bem mais baixo - é preciso colocar o iPod no máximo para ouvir os detalhes da música. Os audiófilos que já se queixam da qualidade de som do iPod certamente ficarão revoltados.

Mesmo assim, o Audio Bones serve perfeitamente para ouvir livros gravados, música para exercício físico e música como distração. E a lista de vantagens que o aparelho oferece é bem longa. Basta dizer que se o Audio Bones permitir que ciclistas, motoristas ou corredores sofram um desastre a menos, isso já é um bom começo.

Mas a estrutura óssea não é o único caminho para o coração dos amantes da música. Uma empresa chamada Zelco oferece uma experiência extra-auditiva completamente única: os fones de ouvido Outis (US$ 110, ou cerca de R$ 220). São fones completamente bizarros que você prende na parte externa da orelha, o que faz deles os primeiros fones a conduzir som pelas cartilagens.

Encontrar a posição perfeita pode demorar um pouco; o som muda muito dependendo de onde o aparelho é posicionado na orelha. Não são especialmente confortáveis, tampouco, porque apertam sua orelha para se manterem no lugar. (Por sorte, a cartilagem da orelha não é especialmente sensível.)

Mas a parte mais estanha é um recurso adicional do Outis que se torna aparente quando a música começa: ele vibra.

Em um esforço para simular os impulsos sonoros que as pessoas sentem nos ossos diante do subwoofer de um sistema de som, a Zelco equipou os fones com o que deve ser um primo minúsculo do mecanismo que faz com que os celulares vibrem. A cada golpe de baqueta ou toque de guitarra, você sente um pequeno drrrr vibrante e audível nos ouvidos. Sim, é possível verdadeiramente sentir a música, ainda que mais como cócega do como que pulso nos ossos.

O efeito causa fortes controvérsias. Algumas pessoas acreditam que as vibrações tornam mais interessante a experiência de ouvir música. Outras mal podem esperar para arrancar os fones das orelhas.

Infelizmente, o Outis requer bateria própria, uma caixa branca de plástico que a pessoa precisa prender à roupa - e se lembrar de carregar, em uma tomada ou porta USB, depois de seis a oito horas de uso, o que representa considerável incômodo.

A unidade de bateria tem um pequeno botão que supostamente permite controlar até quatro intensidades diferentes de vibração. O que ela na verdade oferece são quatro volumes diferentes. Ou seja, não se pode reduzir a vibração sem reduzir a audibilidade.

É lastimável, na verdade, porque o sistema parece promissor. Sem o truque da vibração, você tem fones que oferecem graves ricos e agudos nítidos (até mesmo para as pessoas que estejam nas proximidades - os fones deixam escapar bastante som).

Ainda assim, não há alteração de projeto capaz de impedir que uma pessoa pareça esquisita usando o Outis. As pessoas vão imaginar que você está usando capas de batom por trás das orelhas.

Mas pensem no aspecto positivo: ao menos há quem esteja aplicando certa engenhosidade aos problemas dos fones de ouvido. (A solução mais brilhante até o momento são os fones Arriva, da arriva.com. Eles oferecem ponto de conexão para um iPod Shuffle bem no meio da faixa dobrável que conecta os dois fones, e fica na parte traseira de sua cabeça. O resultado é um sistema de música pessoal de uma peça só, sem fio, que não sai do lugar e é fácil de recarregar. Caso a pessoa use cabelo comprido, pode esconder o aparelho completamente, o que altera profundamente a experiência de participar de longas reuniões com o pessoal do escritório. Mas é melhor que eu volte ao assunto.)

Se você não se incomoda em trocar algum volume e clareza por mais segurança e conveniência, o Audio Bones é o seu aparelho. Quanto ao Outis, por enquanto é melhor considerá-lo como experiência para as pessoas que adoram experimentar novidades antes de todo mundo.

Tradução: Paulo Migliacci ME

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