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Teles ganham menos com usuários da classe C

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O avanço da classe C na telefonia móvel prejudicou a renda por usuário das empresas telecom.

O alerta foi dado pela TIM, mas as empresas de telefonia móvel, sem exceção, sofreram quedas na receita por usuário do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007.

Uma redução na comparação com o último trimestre do ano poderia ser explicada pela sazonalidade, já que nos primeiros meses do ano há muitos assinantes em férias e o número de dias úteis costuma ser menor. Mas não foi o que se viu, já que a queda é percebida na comparação com o mesmo período de 2007.

A razão, para analistas que acompanham o setor, é a venda mais acentuada para as classes de menor poder aquisitivo, que geram uma receita menor.

A compensação para esse movimento, na medida em que as operadoras disputam os assinantes que ainda não têm telefone móvel, pode estar na receita com serviços de dados, como o acesso à Internet, que só se acentuará, entretanto, com a popularização da terceira geração (3G), algo só esperado para começar em 2009.

No caso da TIM, a queda da receita média por usuário (Arpu na sigla em inglês) do primeiro trimestre sobre o mesmo período de 2007 foi de 14,2 por cento, para 29,50 reais mensais, depois de uma estratégia agressiva em promoções e a consequente penetração na população de baixa renda.

O diretor de relações com investidores da Oi, José Luis Salazar, admitiu, em teleconferência com analistas, que no varejo, "a partir do momento em que a empresa vem mergulhando na pirâmide e captando cliente das classes menos abonadas, ganha um custo maior de bad debt", afirmou, referindo-se à possibilidade da empresa ganhar maus pagadores com a estratégia.

A provisão para devedores duvidosos (PDD) da Oi saltou 55,2 por cento nos três primeiros meses do ano em relação a igual intervalo de 2007, para 222 milhões de reais. Enquanto isso, na TIM, que divulgou números nesta terça-feira, o salto foi de 57 por cento, para 271,7 milhões de reais.

De acordo com o balanço da Oi, o aumento reflete uma política de crédito mais flexível adotada a partir do segundo trimestre do ano passado, estratégia que também foi adotada pela TIM segundo os dados divulgados nesta terça-feira. A Oi também percebeu um efeito que ela não espera ver nos demais trimestres, que foi o atraso em alguns pagamentos de governos estaduais e municipais pela demora na aprovação dos orçamentos.

O arpu da Oi no primeiro trimestre caiu 1,4 por cento sobre igual período de 2007, para 21,3 reais. No caso da Vivo, a queda foi menos acentuada, de 0,7 por cento, para 29,8 reais mensais -- o maior valor entre as empresas de celular, praticamente empatado com o da TIM e o da Brasil Telecom .

No caso desta última, entretanto, cujo controle está sendo vendido para a Oi, a queda no arpu em relação ao primeiro trimestre de 2007 foi de 10,9 por cento e reflete uma baixa no tráfego entrante.

Já a Telemig Celular, cujo controle foi adquirido pela Vivo em abril, a queda foi de 7,7 por cento, para 26,9 reais. No balanço, a companhia mineira explica que, no caso dos clientes pós-pago, a queda se deve à "entrada de novos clientes com menor potencial de geração de renda".

RECEITA DE VOZ TENDE A CAIR

Para Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a experiência de outros países mostra que a receita com serviços de voz tende mesmo a cair, por conta da competição acirrada entre as operadoras e a consequente estratégia de promoções que incluem minutos de graça.

"O que poderá compensar esse movimento é a receita com transmissão de dados, que ainda representa muito pouco na receita total dessas empresas", afirmou, em entrevista à Reuters.

Ele acredita que serviços de valor adicionado como acesso à Internet pelo celular só devem ganhar mais peso nos balanços a partir do ano que vem, já que a terceira geração, que permite esses recursos, ainda é muito recente no Brasil.

De qualquer forma, Tude não espera uma queda muito acentuada no Arpu este ano. "Não acho que vai ser nada forte, até porque as empresas estão atentas, mas deve oscilar muito nos próximos meses", destacou.

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