O freio da convergência fixo-móvel?
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
às 7:42 AMconvergência fixo-móvel – troca transparente de dados entre as redes de telefonia fixa e móvel – surgiu há mais de três anos como uma bênção para as redes corporativas. Mas até onde ela chegou? Apesar dos exageros na propaganda, a adoção disseminada não é esperada antes da próxima década, dizem os analistas.
A demora advém da relutância das operadoras em comercializar serviços de convergência fixo-móvel (Fixed-Mobile Convergence, FMC) e da demanda morna de empresas norte-americanas com pouco caixa que ainda estão testando produtos de fornecedores estabelecidos e recém-chegados.
“Por que as operadoras iriam querer fazer alguma coisa que afetasse a natureza do retorno que obtêm com serviços tarifados?”, questiona Robert Rosenberg, presidente da Insight Research, referindo-se a operadoras fixas e móveis como a Verizon e a AT&T, que continuam a auferir receita sem fio crescente e gordas margens de lucro de 40% a 45% a cada trimestre. “Obviamente, elas estão muito mais felizes por pegar os minutos de uso dos consumidores e aplicá-los nos telefones celulares. O mesmo valeria para um serviço de voz tarifado. Não há nenhum incentivo para mudar”, avalia.
Os provedores tanto de serviços fixos quanto de serviços móveis perdem receita quando as chamadas são transferidas de suas respectivas redes para a rede sem fio LAN (WLAN) da corporação. Eles perdem receita adicional se o tráfego externo é roteado para outra rede corporativa, explica a Insight. Outros observadores da indústria concordam. “A FMC deverá dizimar as companhias telefônicas, reduzindo-as a fornecedores de serviços de banda larga, e só”, escreveu Anton Wahlman, da ThinkEquity Partners, em um recente white paper sobre investimentos. “A FMC terá um impacto drástico sobre o cenário de fornecedores de serviços, drenando grande parte do lucro dos serviços de mobilidade e erodindo a receita de serviços de voz”, acredita.
As operadoras sem fio em particular têm pouco incentivo para promover FMC porque já estão usufruindo aumento de receita à medida que os funcionários colocam mais minutos em seus telefones celulares. Qualquer solução FMC oferecida por uma operadora wireless moveria este tráfego para a WLAN corporativa, negando esta oportunidade de receita, diz Rosenberg. É por isso que algumas operadoras estão promovendo alternativas como as estações de base domésticas destinadas a estender o alcance dos serviços móveis.
Isso não quer dizer que as operadoras não tenham, pelo menos, feito algum progresso em FMC. Em 2007, a Cincinnati Bell lançou um serviço baseado em FMC chamado CB Home Run, que permite que os clientes iniciem e encerrem chamadas sem fio em uma rede Wi-Fi fixa e as transfiram para uma rede GSM móvel quando estão fora do alcance do celular Wi-Fi.
A Cincinnati Bell criou o serviço para melhorar a recepção em residências, escritórios e ao redor de seus 300 hotspots Wi-Fi. Mas a operadora admite que pode perder receita com o serviço, já que as chamadas originadas de uma conexão Wi-Fi não atingem o pacote de minutos do cliente. Elas são, essencialmente, grátis. A companhia pode compensar parte desta receita perdida com a fidelidade do cliente e a agregação de outros serviços, tais como internet de alta velocidade e serviço hotspot Wi-Fi para completar o CB Home Run, dizem os analistas.
A Verizon Business, grande braço corporativo da Verizon, também ofereceu três serviços FMC em 2007: Wireless Office, PBX Mobile Extension e Mobile Conference Connection. Nenhum deles, porém, transfere minutos de voz para um hotspot Wi-Fi ou uma WLAN. Suporte a voz sobre serviços WLAN gerenciados estão no planejamento da Verizon. “É absurdo afirmar” que as operadoras estão relutantes em adotar FMC, sustenta Mark Marchand, porta-voz da Verizon. “Nos nossos laboratórios mais da metade dos produtos que estamos preparando para disponibilizar lidam com convergência fixo/móvel”, garante. Segundo Marchand, estes produtos começarão a chegar no início de 2008. Ele não soube dizer se algum permitirá roaming de tráfego de voz da rede móvel da Verizon Wireless para/de uma WLAN ou um hotspot Wi-Fi. A Verizon desativou seu serviço hotspot Wi-Fi há dois anos.
Outro obstáculo à adoção corporativa de FMC pode ser a emergência de wireline VoIP na corporação usando Power over Ethernet. Os telefones IP desktop são um fenômeno relativamente novo – as empresas norte-americanas se encontram em diferentes estágios de investimento na telefonia IP – e, portanto, a substituição sem fio destes telefones está distante.Investindo em FMC
Apesar de tudo, a Insight acredita que FMC vai gerar receita mundial superior a 35 bilhões de dólares para os fornecedores de serviços e fabricantes de hardware nos próximos cinco anos. Entre os fornecedores de produtos estão grandes nomes como Cisco, Nokia e Siemens e novatos como Agito Networks e DiVitas Networks. As empresas continuarão a investir em redes Wi-Fi nos escritórios e nas fábricas e em voz sobre WLAN (VoWLAN) para economizar dinheiro com cabeamento chamadas de voz móveis, e integrar funções de usuários móveis com seus sistemas PABX fixos.
“Melhorar a cobertura e os custos são as duas principais alavancas” para FMC, observa Pejman Roshan, fundador e vice-presidente de marketing da Agito, que está desenvolvendo um roteador corporativo concebido para trazer tráfego de telefone celular da empresa para a rede Wi-Fi. “Isso significa colocar mais telefones nas mãos”, explica.
Estes investimentos vão formar a base de implementações corporativas de FMC. Mas a Insight acredita que o dilema da falta de incentivo das operadoras continuará a assolar a corporação por algum tempo. A única coisa que poderá mudar isso será a proliferação de handsets celulares/VoWLAN dos consumidores, de acordo com a empresa. Os funcionários vão usar handsets em casa e quando se deslocam para o trabalho, e vão quer continuar a utilizá-los no escritório para reduzir os custos internos de telecomunicações através da criação de pontos de acesso a WLAN e servidores que forneceriam serviços tipo IP Centrex.Entre pesquisadores de mercado, esta proliferação é uma conclusão inevitável, mas já o avanço mundial de assinantes de FMC varia drasticamente. Segundo a Infonetics, passou de 188 mil em 2006 para 38,2 milhões em 2010, uma taxa de crescimento anual composto de 278%. Outra empresa, a iLocus, prevê que o número de assinantes de FMC subirá a uma taxa de crescimento anual composto de 110% nos próximos quatro anos, de 6,5 milhões em 2007 para 126 milhões em 2011. Duas outras empresas têm previsões muito mais baixas para o número de assinantes: 65 milhões em 2012 (ABI Research) e 18 milhões em 2010 (Pyramid Research).
COMPUTERWORLD
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