A Operadora da Telefonia Estreita
quinta-feira, 19 de julho de 2012
às 3:24 AM
Se não fosse no Brasil, eu diria que não acreditaria no que estou lendo, mas no país da banda estreita, tudo é possível. Comento a punição que a Anatel aplicou nas operadoras. Vou destrinchando as declarações dos conselheiros da agencia na excelente reportagem de Luís Osvaldo Grossmann, do site Convergência Digital.
Nos últimos meses a Anatel tem acompanhado, com preocupação, a qualidade das redes.
Começo perguntando se bombeiro serve para apagar incêndio ou aproveitar o calorzinho do fogo? Se sabia que estava ruim, qual a razão para a ANATEL não ter feito nada antes? Nome disso é incompetência pura e simples.
Junte agora a fala de João Rezende, presidente da agencia e Bruno Ramos, superintendente de serviços privados da ANATEL. o resultado é arrepiante.
“Não somos contrários a planos e ofertas agressivas, cada empresa escolhe sua estratégia. Mas é importante que o aumento de clientes seja acompanhado de investimentos nas redes”, afirmou o presidente da agência, João Rezende. “Queremos que as empresas deem atenção especial à qualidade da rede”, completou.
Como investimentos em redes levam tempo a serem maturados, a Anatel acredita que até o fim do ano os consumidores começarão a perceber melhoras nos serviços. Além disso, também espera “ajustes nas promoções”, que teriam impacto mais imediato (Bruno Ramos).
Ajuste de promoções leia-se encarecimento do serviço para o consumidor final, enquanto "investimentos em redes levam tempo pa serem maturados" é um eufemismo os investimentos serão lentos para os consumidores e barato para as operadoras como bananas.
Para voltar a vender linhas, as empresas terão que apresentar planos de investimentos, a serem aprovados ou não pela SPV (Superintendência de Serviços Privados da ANATEL).
Sim, você está lendo isso, as empresas precisam apresentar planos, e não investimentos concretos. Há ainda outras duas pontas desse show de horrores que precisam ser unidas.
“Para “escolher” as empresas punidas, a Anatel criou uma nova metodologia, apesar de em cima de informações já existentes sobre desempenho de redes e atendimentos à reclamações. Segundo o Superintendente de Serviços Privados, Bruno Ramos, a empresa proibida de vender foi aquela com os piores indicadores em cada estado brasileiro...”
Na verdade, essa obrigação vale mesmo para as operadoras que não foram punidas – Vivo, CTBC e Sercomtel. As empresas têm 30 dias para apresentar esses planos, mas algumas já tentavam fazê-lo ainda nesta mesma quinta-feira em que as cautelares foram anunciadas. A SPV, porém, não arrisca dizer quanto tempo levará para avaliar as propostas.”
Nova metodologia? Quem souber qual era a velha e as razões para ela não funcionar, eu estou curioso. Enquanto eu os demais brasileiros não recebemos uma resposta, vou achando mesmo é que os conselheiros da Anatel são bons é mesmo em não fazer nada.
O fato da pior ter sido punida, não significa que as outras estão bem, como o próprio texto aponta, e reforça que a Anatel já sabia que toda essa lambança já estava dada.
Obviamente que a SPV não arrisca dizer em quanto tempo depois que a papelada das promessas das operadoras for entregue, elas serão liberadas do pequeno castigo.
Não sou contra a punição das operadoras que oferecem um serviço medíocre para o Brasil, mas isso beira o ridículo. Punir apenas a pior em cada unidade da federação e pedindo promessas as operadoras para saírem do castigozinho real (principalmente para TIM) ou imaginário (para as demais) é uma piada de mal gosto com os brasileiros, que pagam por uma telefonia, que é uma das mais caras do mundo.
Por que nada foi feito antes? Quem não cortou a arrecadação monstruosa e desnecessária da ANATEL? Quem exigiu nacionalização na produção de equipamentos de telecomunicações? Quem fez o leilão do 4G impondo no porrete o CDMA 450 para áreas rurais? Essas perguntas desmoralizam a teoria de que a Anatel está fazendo algo minimamente serio e provam para quem quiser ver que o governo tem dificultado os investimentos, ao invés de facilitar.
As coisas devem ir para o seu devido lugar, as operadoras tem culpa no cartório, mas a principal responsável pela telefonia da banda estreita é a operadora de sempre, a Anatel. E depois existiram pessoas que digam que precisamos é de mais Telebrás.
Reportagem em:
http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=31189&sid=8
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