Feed
Assine nosso Feed ou receba por email

Celulares inteligentes procuram o mercado feminino

quinta-feira, 12 de junho de 2008


Caso a história recente sirva de orientação, cerca de um terço das pessoas que adquirem o novo Apple iPhone o carregam nas bolsas.Em uma grande virada para o setor de telefonia, as mulheres se tornaram compradoras ávidas não só do iPhone mas de todos os demais celulares inteligentes - BlackBerry, Treo e outros modelos.

No ano passado, o número de usuárias norte-americanas de celulares inteligentes mais que dobrou, para 10,4 milhões, um crescimento mais rápido do que o constatado entre os homens, de acordo com a Nielsen Mobile, que acompanha o uso de aparelhos sem fio.

A tendência fica evidente nos números de vendas do iPhone. Em outubro, cerca de 25% dos usuários de iPhones eram mulheres, de acordo com a Nielsen. Em março, o total havia subido a um terço. O novo modelo de iPhone anunciado na segunda-feira, com acesso mais rápido à Internet e recursos de mapeamento, pode acelerar a tendência.

Os celulares inteligentes caíram de preço, agora - no caso do pequenino BlackBerry Pearl, apenas US$ 99 (cerca de R$ 160)-, e seu design melhorou. As mulheres já os utilizam há anos no mundo dos negócios, é claro, mas muitas delas agora percebem que esses aparelhos também podem ajudá-las a administrar as agendas complicadas de suas famílias e a manter contato com os amigos.

"Você não é mais vista como nerd se tem um celular inteligente", disse Carolina Milanesi, diretora de pesquisa do Gartner Group, uma empresa de pesquisa de mercado. "As mulheres, mães e esposas também precisam manter o controle sobre suas vidas movimentadas".

Os fabricantes de celulares e os provedores de serviços cada vez mais percebem as mulheres como a porta de entrada para os domicílios. De acordo com a Verizon Wireless, 71% das mulheres respondem pela decisão sobre as escolhas de celulares de uma família, incluindo aparelhos e planos de serviço. (Os celulares inteligentes requerem planos de transmissão de dados que tipicamente custam US$ 30 ou mais ao mês.)

Como resultado, os fabricantes de celulares inteligentes estão começando a direcionar seus produtos especificamente para as mulheres. A Research In Motion (RIM), fabricante do BlackBerry, já veiculou anúncios de seus produtos nas revistas Elle, Martha Stewart Living e O, a revista de Oprah Winfrey.

David Christopher, vice-presidente de marketing da divisão sem fio da AT&T, disse que as mulheres se deixam atrair menos pelos aparelhos de alta tecnologia. Em lugar disso, à medida que os celulares inteligentes se tornam mais esguios, menores e mais baratos, seus atrativos para o público feminino cresceram.

"Agora eles são pequenos o bastante para serem levados em uma bolsa de mão ou no bolso", disse Christopher. "E o design faz diferença".

Os concorrentes vêm batalhando para recuperar o atraso com relação à Apple em relação ao design. Este mês, a Sprint começará a vender o Instinct, um aparelho sem fio criado pela Samsung, que oferece muitos recursos semelhantes aos do iPhone. E a RIM deve em breve colocar no mercado o BlackBerry Bold, que como o iPhone opera com rede de telefonia móvel de alta velocidade.

As pesquisas da Nielsen demonstram que as mulheres são mais sensíveis a preços do que os homens, e que a probabilidade de que prefiram marcas que já usaram no passado é 50% maior. Ainda assim, promoções mais tradicionais ainda têm seus atrativos. A RIM e a Verizon Wireless obtiveram sucesso no ano passado com promoções de Dia dos Namorados estreladas por um BlackBerry Pearl cor de rosa. E mesmo assim foi difícil encontrar a cor certa.

"Nós escolhemos um tom de rosa que se enquadre a todos os ambientes ¿nada chamativo em excesso", disse Mark Guibert, vice-presidente de marketing corporativo na RIM. "Era a única cor movida puramente pelo desejo de atingir o público feminino. Anos atrás, o mercado se concentrava muito mais em função, exclusivamente. Agora, o estilo de vida está mais em foco".

Já era hora, diz Milanesi, do Gartner. Quando ela ia a feiras de telefonia móvel com um colega homem, conta, "eles mostravam o aparelho cheio de recursos para ele, e me mostravam um celular com um espelho".

"As empresas precisam tomar cuidado para não imaginar que, para vender celulares inteligentes, basta produzi-los na cor rosa", ela afirma. "Há outras coisas que as mulheres desejam".

Steve Jobs, o presidente-executivo da Apple, compreendeu isso ao solicitar aos seus engenheiros que criassem o iPhone. Embora o aparelho não seja direcionado especificamente às mulheres, conta com recursos de design e multimídia que muitas mulheres dizem apreciar, e que não existiam nos BlackBerry.

Kayne Lanahan, que vive em Nova York e é dona de um site de música, adquiriu um iPhone em outubro do ano passado depois que seu cachorro chacoalhou a cauda e derrubou o Nokia que ela tinha em um copo de café. Ela nem pensou em comprar um BlackBerry, incomodada com a imagem de executivos obcecados com o trabalho com os quais ela havia convivido quando foi funcionária da News Corp. Ela sempre os via digitando velozmente nos aparelhos, enviando e-mails aos seus chefes durante reuniões e no meio de jantares.

"Eu não queria ser uma daquelas pessoas", disse Lanahan. "E por mais que dizer isso seja coisa de menina, eu realmente amo o design do iPhone".

Mas o que uma mulher deve fazer caso ela deseje todos os recursos do iPhone mas a rede de sua empresa só funcione com o BlackBerry? Para Andrea Newman, vice-presidente de assuntos governamentais da Northwest Airlines, a decisão foi ter os dois aparelhos.

"Comprei um BlackBerry para o trabalho e um iPhone para a diversão", disse. "Usar o e-mail no iPhone era mais difícil, e por isso uso o BlackBerry".

Mas ela gostou do BlackBerry, e por isso comprou um aparelho para sua filha de 21 anos, a fim de manter contato com ela durante uma viagem à Europa. E comprou um iPod Touch (que oferece acesso sem fio à Internet mas não é telefone) para seu filho de 12 anos, para que os dois possam trocar e-mails.

Perguntada que aparelho escolheria se tivesse de levar apenas um a uma ilha deserta, Newman passou alguns minutos ponderando os prós e contras. Por fim, decidiu: "Creio que, se não estivesse usando o BlackBerry a trabalho, levaria o iPhone".

The New York Times

Imprimir Salvar como Pdf
Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina